quarta-feira, 7 de abril de 2010






























Aquela praça… Aquele banco…
26 de março de 2010


Por Marília Costa Cardoso

O significado de praça, no dicionário, não tem nada a ver com a realidade. O dicionário mostra a ideia clássica de praça: largo espaço, descoberto, para onde convergem várias ruas.
A realidade: espaço aberto, que foi se modificando com o tempo e, assim, ficou difícil de manter as características do lugar vivido por uma oletividade. Talvez por isso, a praça é lembrada em versos e prosas com um certo tom de nostalgia, algo quase triste ou misterioso:

“Num banco de praça
a sombra de um velho assombra
o vento que passa.” (Luciano Maia)

E se falarmos em uma determinada praça, a Dom Sebastião? O que poderemos dizer dela?
Nesta onda nostálgica, podemos falar de cochichos, promessas, gritos de crianças, de alunos do colégio Rosário brincando no início e no final das aulas, nos namoricos dos universitários e nos trotes dos calouros.
E o que mais conta esta praça?


Os monumentos que lá estão contam a história de nossa cidade e embelezam esta praça. Quatro estátuas de mármore de origem portuguesa personificando os grandes rios Cahy, Gravatahy, Sinos e Jacuhy, que jogam sua água na da Bacia do Guaíba.
Na esquina das ruas Sarmento Leite e Irmão José Otão foi instalado um grande monumento em concreto, com painéis de ferro vazado de autoria do escultor Francisco Stockinger, com temática regionalista estilizada. Há também monumentos em homenagem a Fernando Ferrari, ao Irmão Weibert, aos irmãos maristas que fundaram o Colégio Rosário.
Em seu entorno, encontram-se alguns importantes prédios históricos da capital gaúcha, como a Igreja da Conceição, a Beneficência Portuguesa e o Colégio do Rosário.
Este espaço recebeu a denominação de Praça Dom Sebastião, em1884, em homenagem ao bispo Dom Sebastião Dias Laranjeira, segundo Bispo de Porto Alegre.

“Vou-me embora desta praça
Estou em lágrimas. Não posso mais ver” (William Vicente Borges)

É exatamente isto que sinto… lágrimas de dor, pelos descaso e abandono dessa importante praça de Porto Alegre. Suas estátuas tão famosas, jogando as águas dos rios no Guaíba, estão secas. Não há mais fontes, nem chafariz, seus canteiros viraram depósito de sujeira e temos que cuidar para não pisar em fezes, de cachorrinhos e gente. A grama e os canteiros, tão organizados, hoje são lugares de secar roupa de mendigos. As estátuas de mármore de Carrara já foram vandalizadas repetidas vezes e estão em mau estado de conservação, pondo a perder, talvez, o único conjunto remanescente do século 19 de estatuária pública em mármore na cidade.

Os monumentos de Francisco Stockinger, pichados, servem para pendurar e secar roupas dos mendigos. Nos recantos com bancos, não podemos entrar , pois são “propriedade” dos moradores que lá dormem. O Colégio Rosário adotou a praça em 2006, e sua obrigação seria a de cuidar da limpeza. Mas como? O próprio Colégio mantém guardas e vigilantes, pois nessa praça seguidamente os alunos eram assaltados. Nos fins de semana, com o colégio fechado, não podemos circular por ali.



















Este marco histórico é que vamos mostrar em 2014? Marco da vergonha, sujeira, insegurança e descaso?
Pedimos para que as autoridades olhem esta praça.
Este é um marco histórico da Independência, da história dos gaúchos, que não podemos perder.

“A mesma praça, o mesmo banco,
as mesmas flores? e o mesmo jardim?
Tudo é igual? Estou triste!!!..."


Blog ZH Moinhos-26/março de 2010

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