quarta-feira, 7 de setembro de 2011





O Caso da Rua Tiradentes
Por Marília Costa Cardoso


Quando foi proposta a possibilidade de passagem dos carros da Ramiro Barcelos, cruzando a Protásio Alves, sabíamos das dificuldades que iríamos ter com congestionamentos junto à Avenida Independência. Mas essa mudança tinha como objetivo tornar o trânsito mais ágil no bairro Bom Fim, aumentando a possibilidade de tráfego entre as regiões leste e norte da Capital. Até aquele momento, a proposta parecia boa, e os moradores pareciam estar satisfeitos.

Mas o que parecia sonho virou pesadelo: o número de carros na região passou de 15 mil para 22 mil por dia. Em 9 de julho, a própria comunidade realizou protestos contra a insegurança que essas mudanças trouxeram, devido à imprudência, o excesso de velocidade no cruzamento (Protásio com Ramiro) e à tranqueira que estava acontecendo na Ramiro Barcelos, com a liberação dos estacionamentos dos dois lados da rua, ficando só uma faixa para os carros. Congestionamentos que, em algumas horas, chegavam a impedir a entrada ao estacionamento do Hospital de Clínicas. E a Independência também começou a sentir lentidão em algumas horas, devido ao grande número de carros que agora cruzam a avenida.

Desde que foi proibida a passagem dos carros que trafegavam na Avenida Independência em direção à Cristóvão Colombo, pela rua Santo Antônio, estes tiveram que ir por esta avenida até a Praça Júlio de Castilho e só lá fazer o contorno para descerem a Ramiro. Novamente, carros pela Ramiro. A situação já estava difícil, com tranqueira de carros (a partir das 16h, a situação piora), quando houve o pedido para abrirem a saída do novo estacionamento do Shopping Total pela Rua Tiradentes (espaços para 546 vagas/carros) e mais uma mudança, também na Rua Tiradentes, ficando com duas mãos entre a Rua Ramiro Barcelos e a Rua Doutor Vale, cuja justificativa foi o grande movimento do Hospital Moinhos de Vento.

Como esta via comportaria todo este trânsito?

Hoje, para quem desce a Ramiro Barcelos, no cruzamento com a Rua Tiradentes, é permitido entrar à direita e receber o fluxo dos carros que vem da Rua Tiradentes (à esquerda). A nova proposta coloca, também, a saída da Rua Tiradentes (lado direito-Hospital Moinhos de Vento) em direção à Ramiro e a saída do novo estacionamento do shopping. Esse cruzamento já é difícil, pois há uma tendência, por precaução, cuidado, necessidade ou instintivamente, de diminuir a velocidade neste ponto e, novamente, tranqueiras. A tentativa de, nessa confluência, permitir os dois lados da Rua Tiradentes de entrarem na Ramiro é simplesmente irreal. Aí, sim, vamos conhecer o que é confusão. Pior, não pensaram no pedestre, onde ele vai atravessar, com todo este trânsito? Sinaleiras? Faixa preferencial ao pedestre? Onde?



Na Rua Ramiro Barcelos, junto ao Colégio Bom Conselho e ao Hospital Moinhos de Vento, a descida é muito acentuada, representando um risco à tentativa de colocar uma sinaleira, pois os carros na descida poderiam não conseguir frear, e acidentes e mais acúmulos de veículos poderiam acontecer.

É hora de repensar essas mudanças. Não existe melhor conselheiro que o povo, consultem o povo, ele está sempre na rua e conhece cada detalhe. Essa não é uma mudança para ser feita em gabinetes, pois muitos serão os prejudicados.
Muitas vezes, temos de concordar, mesmo sabendo que essas mudanças não trazem aos moradores nenhuma vantagem, bem o contrário, só prejuízo. Muitas dessas mudanças são necessárias para o desenvolvimento da cidade, aí, esquecem-se os direitos, e usa-se o bom senso. Mas quando se trata de interesses privados, que podem muito bem achar outras soluções, não podemos ceder, pois, em nossa cidade, deveríamos cuidar do bem viver dos moradores, para que possam ter qualidade de vida, que o interesse maior, seja a população e não interesses que acabam expulsando os moradores das regiões que um dia cada um escolheu para viver. Compensações por essas falhas e mudanças que causam problemas, nunca aparecem, portanto não dá para acreditarmos em promessas.

Abaixo, parte da ata da RP1 do dia 2 de junho, para que se saiba o que deseja a população:

“Na discussão sobre a Rua Tiradentes, a opinião do plenário foi, em princípio desfavorável, ao projeto da EPTC, não apresentado por ocasião da discussão do projeto da garagem do Total ao plenário da Região. Esse projeto, consta do arredondamento de algumas esquinas, derrubada de árvores e implantação de duas mãos na Rua Tiradentes, a partir da Ramiro Barcelos para o norte. Como avaliaram os moradores da Independência presentes (Marilia, Ana Lucia, Leon), a situação da Ramiro, uma das ladeiras mais íngremes da cidade, já é difícil agora, e só se complicará com os novos fluxos da Tiradentes de ambos os lados daquela rua, oferecendo muito riscos de colisões e acidentes graves. Segundo a EPTC, não haverá semáforo no local, apenas faixas de pedestres, mal situadas na planta, que deixarão o pedestre extremamente exposto. Foi sugerida uma audiência pública sobre o assunto. Tania lembrou aos moradores que foi provada a existência de um termo de ajuste de 2005 para compensações ambientais, que não foi cumprido, depois foi negado, e por fim confirmado pela própria SMAM, e que essas compensações poderiam, talvez, ser negociadas em termos de alteração da proposta viária apresentada”.

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