quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Contêineres e cidadania
15 de julho de 2011

Por Marília Costa Cardoso, Conselho de Blogueiros do ZH Moinhos

Se eu pudesse pedir um presente, pediria um sapato de Florença, quem sabe um traje de Milão ou o último modelo em óculos italianos. Não vou ganhar nada disso, mas, pelo menos, vou ter na frente de minha casa um contêiner italiano. Imaginem um contêiner com grife. E aí, fica no ar uma pergunta: por que tem que ser italiano? Não temos estes mesmos modelos de fabricação nacional?

Se o modelo italiano fosse um sapato, ele poderia ficar apertado, mas mesmo assim valeria à pena. Mas e se esses contêineres não servirem para as nossas necessidades? O que fazer com eles? É uma questão de valores? Eles são mais baratos que os nossos?

Parece brincadeira, mas esse caso dos contêineres colocados permanentemente nas ruas serve para Lisboa, Madri, Paris, mas aqui vai ficar “um sapato apertado”.
Sabem por que estou dizendo isso? Porque conheço nossa cidade, já morei em casa e condomínio e sempre a mesma situação: não há consciência de grupo, de comunidade. Muitas vezes vi pessoas com seus sacos de lixo colocando na frente da casa do vizinho. Já vi gente colocando guarda chuvas nos antigos coletores de lixos dos edifícios e este, ao abrir dentro do conduto, ficou com todo o lixo depositado sobre ele, quando foi ligado o incinerador, houve um princípio de incêndio.
Da para acreditar em quem faz estas sujeiras?

E agora, acham que as pessoas mudaram? Aprenderam? Acham que os que sabem que a coleta é noturna e colocam o lixo a qualquer hora na calçada vão mudar? E os que colocam lixo onde cai água dos condicionadores de ar, ficando essa sujeira escorrendo pela calçada, será que vão mudar seus hábitos? E os que fecham o comércio, colocando o lixo misturado, seco e molhado, na rua, e vão embora, não se importando com a sujeira que os catadores vão fazer. Agora vão se conscientizar? Irão separar o lixo? Acreditam que os usuários de casas noturnas vão colocar seus copinhos lá dentro, direitinho?


Há algum tempo, tivemos nas calçadas um tipo de “contêiner nacional”. Era todo de tela e chaveado. Só era aberto, pouco antes de passarem os lixeiros. De um momento para outro, foram proibidos e retirados. Foi problema de acessibilidade? De sujeira? Como vão escorrer os resíduos líquidos? Existe um duto, ou esses líquidos vão ficar lá dentro, fechados e fedendo? Não vão ser um foco de proliferação de baratas e ratos? Esses “italianos” vão ficar onde? Na frente de casas e edifícios? Qual o critério para a colocação? Como são escolhidos os locais para a colocação dessas lixeiras? Como vão ficar os apartamentos que ficarem junto a esses contêineres? Vão ter que respirar essa sujeira, a sujeira dos outros? E as calçadas? Falam em lavar. Da para acreditar que quem faz esta sujeira vai colocar tudo diereitinho no contêiner?

Lavar as calçadas? Os contêineres? A que horas será esse serviço? Quantas vezes por semana? Quantas vezes por semana será recolhido o lixo destes vasilhames?
Falam em lixo orgânico, mas podem ter certeza, vai aparecer lixo de construção, reciclável, hospitalar, pilhas, óleos e muitos outros.

Não é ser derrotista, mas depois desse vandalismo de colocar sabão em pó no chafariz da Praça Júlio de Castilho, não dá para confiar. O que acontecerá com esse contêiner obstruindo a visão geral da rua? Servirá de esconderijo, de mictório e pior, brincadeiras de vândalos que vão fazer todo o tipo de ações perigosas.

Não sou contra a colocação desses contêineres, já vi em diversas cidades o respeito das pessoas e o cuidado nessa tarefa. Antes desta ação, deveria haver uma orientação, através de fôlderes, palestras em escolas, nas comunidades envolvidas, orientações em lugares públicos. Muitas pessoas fazem o errado por não saberem o certo. Então, antes de tudo, educar, orientar, demonstrar, esta é a melhor saída para problema de limpeza urbana. As cidades europeias deveriam servir de exemplo, de cuidado com sua comunidade, limpeza de suas ruas e principalmente pela coerência nos serviços prestados. Não temos que importar seus materiais, mas suas atitudes. Temos que partir para programas de limpeza urbana onde cada um cuide de sua parte, seu lixo, e assim da saúde de todos.

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