quarta-feira, 10 de março de 2010

A Ruína da Antiga Casa dos Möller
Um muro sujo e tapado de cartazes esconde o que o engenheiro mecânico Jorge Alcides Möller Flores Soares, 71 anos, não quer ver: a queda da casa dos Möller. A mansão, situada na Avenida Independência, 1.183, perto da esquina com a Rua Ramiro Barcelos, foi saqueada e depredada ao longo dos últimos anos. Evitá-la ajuda o engenheiro a manter intactas suas recordações:

– Nos últimos 10 anos, depois que começou a depredação, nunca mais entrei. É para guardar a lembrança da vida de príncipe que nós levamos na casa de minha avó.

Quem passa pela calçada da Independência não imagina que atrás daquele muro, no terreno de 3 mil metros quadrados, ocorriam festanças de cinco em cinco anos. Era quando Adolfina Möller, avó de Flores, completava idade múltipla de cinco. Um restaurante situado em cima da Renner da Doutor Flores com a Otávio Rocha fechava para realizar, no casarão, o jantar naquelas datas. A festa era completada com apresentações do pianista Herbert Gehr.

A propriedade, na verdade duas casas geminadas construídas pelo empreendedor alemão Henrique Theodoro Möller (pai de Adolfina) entre 1907 e 1910, se espalhava pelo quarteirão. A saída pela Ramiro, hoje um estacionamento, era uma garagem sobre a qual morava o tio de Margot Lucy Möller, mãe de Flores.

Da garagem, partia o primeiro Cadillac rabo de peixe da cidade – garante o engenheiro. Do outro lado da rua havia uma saída para a Castro Alves, que na década de 50 foi fechada com a construção de uma casa.

A vida de príncipe de Flores durou de 1938, quando nasceu, a 1964, data em que deixou a residência para casar com Heloisa e estabelecer-se na Rua Felipe Camarão. Sete anos depois, Adolfina fez sua última festa. Morreu aos 93 anos.

Um vitrô de 40 metros quadrados

Faz um tempo que a casa deixou de ser base para assaltantes. As depredações eram assistidas das janelas da vizinhança. Tudo que restou foi pilhado ou destruído, desde portas até um vitrô de “uns 40 metros quadrados”, segundo Flores.

Desde abril, uma empresa contratada pela família mantém cães de guarda no local. O estacionamento serve mais para dar segurança e utilidade à área do que para render financeiramente, conforme Flores.

Com as depredações freadas, a missão de instalar o Condado de Kiel (veja quadro) pode ser retomada. O plano é fechar negócio nos próximos meses. É o que esperam os cinco filhos e os 18 compradores de unidades da torre residencial da Encol. E é quando Flores poderá voltar a visitar o lugar onde passou quase um terço de sua vida.
ANDRÉ MAGS
andre.mags@zerohora.com.br
MEMÓRIA
Condado de Kiel

Mansão que ocupa terreno na venida Independência , foi palco de grandes festas da matriarca da família nos anos 1950.
Em 1995, Margot, viúva desde 1977, fez aos cinco filhos um pedido para que homenageassem o avô com a construção de um conjunto comercial na casa. Ela morreu em 1995. Desde então, os Flores Soares têm a missão de batizar o conjunto comercial de Condado de Kiel – região do norte da Alemanha onde nasceu H. T. Möller. Ainda em 1995 começaram as obras e, em 1996, uma edição da Casa Cor ocupou o casarão. No entanto, a empreendedora Encol, responsável pelo empreendimento, faliu no meio do caminho. Começava a queda da casa dos Mölle
ANDRÉ MAGS
andre.mags@zerohora.com.br

Um comentário: