terça-feira, 25 de agosto de 2009

Viver Porto Alegre

Viver Porto Alegre

Domingo de sol... Esticar o corpo depois de tantos dias de frio e chuva, passear na redenção, encontrar amigos,... Botar papo fora... Que beleza...
Saio com a vontade de caminhar. Na esquina desisto: um grupo de mendigos estavam estacionados ocupando todo o espaço. Aproveitando o sol, colocaram sua roupas nas calçadas para secarem e os corrimões do hospital Getúlio Vargas e muros das casas eram verdadeiros secadores de roupas. O cheiro de urina e sujeira era repugnante. Volto, vou de ônibus. Na parada, encontro uma amiga. Fomos abordados por um pedinte, ele de início bem humilde disse: - Não estou assaltando, ( eu também não estava. Isto não é o normal?) queria apenas dinheiro para dar de comer aos meus filhinhos. Dissemos que não tínhamos nada, ele insistiu. Dissemos para ele seguir a rua e ir procurar comida, com seus filhos, nos albergues da prefeitura. Ele mudou de cara... Parecia um monstro e saiu procurando pedras para jogar em nós... Chega o ônibus... Santo ônibus nos livrou de umas pedradas.
Enfim redenção... Vamos esquecer aquela cena... Vamos espairecer... Vamos tomar um refrigerante... Junto à igreja Santa Terezinha, o sol batendo nas calçadas, novamente um cheiro forte de urina... Saímos... Como comer ou beber algo naquele fedor...
Bom... Vamos aproveitar e caminhar até o Margs. Importante ver as obras lá expostas. A caminhada não durou muito... Sem teto, deitados, esticados, encolhidos, doentes, bêbados, brigando... Olhamos para os lados e apesar de um posto da polícia, nem um policial nas redondezas. Não dava para arriscar. Tomamos um taxi rumo ao Margs. Quando chegamos, que diferença: policiais... Organização... Recepcionistas... Limpeza... Outro mundo... Depois de ver a exposição saímos entusiasmadas... Vamos caminhar... Afinal é o centro de Porto Alegre. Edifícios lindos... Cidade quieta, vazia... Até chegarmos à Praça Montevidéu, Praça da Prefeitura, e novamente um homem nos aborda: este queria nos vender algo, não aceitamos, ele continuou a insistir, olhamos a volta nenhum policial... Chamamos o taxi enquanto o homem nos ofendia...Mas um coisa me deixou aliviada . Estamos numa cidade democrática, na porta da prefeitura entre dois belos leões estava um “sem nada” dormindo... Bom... Pelo menos repartimos com o prefeito este carma: os sem teto ou mendigo ou morador de rua,ou....ou....ou.... E com quem compartilhamos seus cheiros, seus gritos, suas necessidades fisiológicas, seus restos, seus lixos, seus papéis e papelões , suas garrafas de cachaça, suas drogas,seus vômitos, suas doenças,suas feridas, suas brigas,suas agressões?
Porto Alegre é demais!

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